2019-04-23 Entrevista sobre Téti para a revista Entrevista da UFC
ENTREVISTADOR: Marcos Moreira, estudante de Jornalismo da UFC. Faço parte da Revista Entrevista, projeto que entrevista grandes personalidades do Brasil. Nesta edição temos a honra de uma das entrevistadas ser a Téti. Com isso entrevistarmos também algumas pessoas próximas para saber mais sobre a entrevistada. Já falei com o Rodger Rogério e vou falar com a Daniela também.
SEGUNDO FILHO
DATA DE NASCIMENTO 04/03/1972 – 47 ANOS (em 2019)
PROFESSOR DA UFC
Curso de Música na graduação, Mestrado Profissional em Artes no ICA e Mestrado e Doutorado no PPGEB/FACED/UFC, PESQUISADOR, MÚSICO E RADIALISTA (Rádio Universitária)
É uma mãe
como todas as boas mães: atenciosa e amorosa com todos da família, especialmente
com filhos, netas e neto (4 meninas e 1 menino) e agora com um primeiro
bisneto. Sempre mantendo a casa aconchegante para receber família e amigos. Sua
casa tem a sua cara, com quadros belíssimos pelas paredes e uma cama onde os
filhos e netos invariavelmente se direcionam quando chegam a sua casa, assim
como filhotes que se aconchegam em um ninho.
Seu amor
materno se estende a amigos privilegiados que sentem e percebem seu amor. Em
São Paulo na década de 1970, quando nasci, nossa casa era o ponto de encontro
dos artistas em Sampa. Continuou assim na volta para Fortaleza na rua Frei Mansueto,
depois na rua Antônio Augusto e até hoje na sua casa, no atual endereço... Inclusive,
muitos músicos sentem e declaram um reconhecimento filial, por perceber sua
maternidade. Gosta de ver os filhos bem de saúde, acompanha e cobra o cuidado
com a saúde. E tem moral pra cobrar porque cuida bem da própria saúde, ou seja,
dá o bom exemplo.
2) - Qual a
sua memória favorita com ela? Há algum momento especial de vocês dois que você
gostaria de destacar?
Um show que
dirigi no Centro Cultural Banco do Nordeste, por volta de 2005. Um show em que
coloquei boa parte da família no palco: eu, minhas irmãs Daniela e Flávia e
nosso primo baterista Aquiles Melo. Também teve a participação de meus alunos
de música de um projeto da prefeitura que se chamava Crescer com Arte. Um show
com música, poesia, imagens em um telão. Uma produção muito bonita onde senti
que ela se realizou plenamente. E eu também me realizei por ter conseguido
dirigir um show com muitos detalhes, mas principalmente por ver uma alegria
sincera e profunda nos olhos e sorriso da minha mãe.
Lembro. Foi
como toda separação que deixa marcas e traumas para o resto da vida. Uma dor
que não tem como nomear. É um trauma e uma dor tão forte e profunda que somente
há poucos anos compreendo melhor o processo. E ainda continuo em busca de
entender. Em um primeiro momento, com 13 anos de idade, minha vida se
desorganizou em todos os sentidos. Em um segundo momento, já como estudante
universitário, quase 10 anos depois, percebi que eu precisava dar conta da
minha vida. A partir desse momento, racionalmente, consegui administrar
razoavelmente bem. Contudo, o que fica submerso nos labirintos do subconsciente
ou do inconsciente, só o santo remédio tempo pode curar.
Profissionalmente
Téti estava muito bem. Mas, obviamente a vida do casal não estava bem...
Ambos - Rodger e Téti – sempre se mantiveram dignos e
generosos como pai e mãe.
Não faltou
amor pelos filhos. A amizade prevaleceu.
Completamente!
Essa uma característica muito forte de toda a família da minha mãe. Ela é a
caçula de 24 irmãos. Então, imagine a quantidade de gente... O pai dela teve 14
filhos no primeiro casamente. Ficou viúvo e depois casou com minha avó e teve
mais 10. Todos brincalhões e bem humorados. Uma maravilha.
A vida me
levou a isso. Desde muito novo me interessei pelo que eles (Rodger e Téti )
faziam. Comecei tendo muito cuidado com os discos em casa. Minha relação com os
discos (vinis) era especial. Passava tardes e tarde ouvindo discos e lendo os
maravilhosos encartes. Então, com os discos deles, da mesma maneira. Dessa
forma me informava do ano de gravação, quem fez a direção musical, direção
artística, direção geral, produção, os músicos que tocavam, qual nome dos
compositores de cada música... enfim, de toda a ficha técnica.
Teve um
momento marcante na minha adolescência que foi quando tocou o telefone fixo
(que tinha em todas as casas) e minha irmão mais velha – a Daniela – atendeu.
Era o artista plástico e pintor Alano Freitas querendo uma informação a
respeito de uma música e Daniela disse: “Esse assunto quem sabe informar é o
Pedro Rogério”. Até ali eu não percebia que eu era o melhor informado da casa.
Téti reagiu
da forma mais linda que uma mãe pode reagir. Ela já declarou várias vezes que o
momento mais importante e mais feliz da vida dela foi ver meu trabalho de
pesquisa ser realizado.
7) - A Téti
comentou na pré-entrevista que você sempre pensa e organiza novos projetos para
ela. Você já tem algo novo em mente ou que esta a caminho?
Na verdade as
pessoas, muitas vezes, quando querem entrar em contato com ela, primeiro sondam
comigo. Então, faço a ponte com ela e isso me coloca no lugar de “mediador”. Ela está em uma fase que gosta de atender a
convites.
Então, estou imaginando
que surgirá um convite de um show celebrando seus 75 anos de idade. E quando
isso acontecer, estarei ao lado dela dando sugestões de repertório, de
concepção geral do show, qual a melhor formação musical etc. Mas, no final das
contas, obviamente, ela decide tudo. Apenas lanço ideias e busco facilitar o
andamento das coisas.
8) - Por fim,
como você definiria a Téti (mãe, cantora, mulher...) em uma frase?
Téti é uma
mulher de fibra, sincera com ela mesma e com os outros; traz em si um extinto
materno que vai dos filhos, passando pelos amigos e chega a toda a sua
contribuição na música cearense.
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